Volto a ceder o meu lugar a outra pessoa, para mais um Memórias dos Outros, neste caso para falarem de um dos maiores grupos da história da música, os Pink Floyd. A Fernanda Fontes é uma fã hardcore da banda, e por isso é a pessoa ideal para nos conduzir nesta memória, fornecendo-nos até algumas fotos da sua colecção pessoal, como esta do topo. Vamos então a isso?
Dizermos que ainda somos
do tempo dos Pink Floyd não faz muito sentido, tendo em conta que são uma banda
intemporal. Mas dizer que ainda sou do tempo em que os Pink Floyd faziam tournées
mundiais que esgotavam em minutos, ou que somos do tempo em que ainda lançavam
álbuns, isso sim. Ainda sou desse tempo. Muitos de nós somos.
Banda formada nos míticos
anos 60, mais propriamente 1965 em Londres, teve como alinhamento original
Roger Waters (baixo e voz), Nick Mason (bateria), Richard Wright (teclado e
voz) e Syd Barrett (guitarra e voz principal). David Gilmour (guitarra e voz)
juntou-se à banda em 1967. Syd Barrett saiu oficialmente em 1968 e faleceu em
2006 com 60 anos. Gilmour tomou o seu lugar como vocalista da banda.
Devido a “diferenças
criativas” (muito eles gostam de usar este termo), Richard Wright deixou a
banda em 1979 e Roger Waters em 1985. Ao contrário de Waters, que nunca mais
voltaria a criar nova música com os restantes membros, uns anos depois Wright juntou-se
aos colegas para tocar em sessões de estúdio e, mais tarde, voltou como membro
da banda. De acordo com Gilmour, Wright foi dos membros mais importantes na
criação dos 2 últimos álbuns oficiais da banda.
Na sequência do evento de
beneficência Live 8 realizado em 2005 no Hyde Park em Londres, Waters uniu-se
aos restantes 3 membros para um pequeno concerto. Há mais de 24 anos que os 4
elementos não tocavam juntos e, depois disto, não o voltariam a fazer.
Chegaram a participar no
concerto de tributo a Syd Barrett, em 2007. Mas Waters tocou a solo, enquanto
os restantes tocaram juntos várias composições de Barrett. Gilmour e Waters
deixaram bem claro, em várias entrevistas, que não tinham interesse numa
reunião e chegaram a recusar um contrato no valor de 150 milhões de euros para
uma tournée mundial.
Portugal teve o prazer de
os receber a 23 de setembro 1994, no antigo estádio José Alvalade, com a tournée
Division Bell. Mais de 85 mil pessoas se deslumbraram com aquilo que foi
considerado, por muitos, o melhor concerto que Portugal já presenciou até aos
dias de hoje.
15 álbuns de estúdio. The
Endless River, lançado em 2014, não contém música nova mas sim música gravada nas
sessões de estúdio durante a criação do álbum Division Bell (1994). Muito
trabalho ficou de parte e não foi colocado nesse álbum. Apesar de grande
maioria se tratar de música ambiente ou instrumental, não foram feitas muitas
alterações ao que já tinha gravado com Wright porque, de acordo com Gilmour,
“esta música é para a geração que quer colocar os headphones, deitar-se, ou
qualquer coisa, e curtir uma peça de música por um largo período de tempo”.
Gilmour e Mason iniciaram
este projeto em 2013 com o objectivo de lançar um álbum dos Pink Floyd no
século XXI e, também, como tributo a Richard Wright.
É muito difícil
identificar qual o melhor álbum. Depende do gosto de cada um, depende da mood em que estamos no momento, depende
das recordações que a música nos traz. Depende de tanta coisa.
Pessoalmente, o meu
favorito é o Wish You Were Here (1975). Porquê? Porque me traz tantas, mas
tantas recordações boas. Há quem diga que o melhor é o Dark Side Of The Moon
(1973) que, durante alguns anos, foi dos álbuns mais vendidos do mundo. Ou The
Wall (1979), de onde saiu uma das músicas mais conhecidas no mundo: Another
Brick In The Wall (part 2). E há quem prefira o trabalho menos conhecido para o
público em geral. Todo o trabalho musical dos Pink Floyd merece destaque.
Merece reconhecimento.
Roger Waters continuou a
solo e ainda esgota concertos com a sua actual tournée Us+Them.
David Gilmour também
lançou vários trabalhos a solo, mesmo quando a banda ainda estava no activo e,
de igual forma, esgota concertos com a maior facilidade. Mas Gilmour prefere
tocar em espaços mais pequenos para manter contacto com o público.
Com o falecimento de
Richard Wright em 2008, morreu também a última hipótese de uma tournée final.
Ou de uma última reunião com Waters. Para Gilmour, não faria qualquer sentido
tocar sem Wright, que ele considera ser grande parte da alma dos Pink Floyd.
Nick Mason referiu várias
vezes que adoraria voltar a tocar com os colegas. Gilmour opõe-se a essa
hipótese, dizendo que já fez tudo o que podia fazer como membro dos Pink Floyd.
Pessoalmente, acho que ainda teriam muito para nos dar.
Mas ainda nos deixaram
muita coisa. E, como refiro no início do texto, Pink Floyd são uma banda intemporal
que irá permanecer como uma das melhores bandas que alguma vez existiram ou
existirão.